“Campo Largo da Roseira, Campina do Taquaral, Cachoeira… dos meus antepassados eu lembro a vida inteira. E nessa terra de grandes pinheirais, há uma luz no horizonte que não esqueço jamais. A música em mim caminha alumiando o coração, traçando uma fina linha nas clareiras da composição. Com a paisagem sorrateira que me brinda a inspiração, eu sinto a viola brejeira dissipar, de vez, toda escuridão!”

Com estes versos de cordel, inicia o álbum “Clareando”, de Emiliano Pereira. Os versos são da cantora e compositora Cida Airam – um presente dado ao compositor, durante a gravação do disco. Cida foi convidada para recitar um cordel que acompanharia outra canção.

“Ela pediu informações sobre minha história e influências.O cordel se estendeu e foi ficando tão bonito, que resolvi deixar uma faixa exclusiva para ele, que é a faixa de abertura. Os versos falam sobre os mestres que tive e minha avó materna, que sempre ouvia cantar canções caipiras. Quando comecei a tocar violão, a gente tocava e cantava juntos. Meu avô também dedilhava um pouco de violão, então houve realmente a influência deles em minha música”, conta Emiliano.

E é assim, resgatando a história de sua família e de sua paixão pela música, que Emiliano abre o álbum que reúne outras dez canções, de composição própria,  que fazem o ouvinte viajar por campos, riachos e paisagens que não podem ser vistas – mas sentidas – sem sair do lugar.

A gostosa sonoridade da viola caipira se soma a arranjos de artistas parceiros na gravação. Cada canção teve um diferente processo de criação, mas têm em comum a inspiração vinda de grandes nomes da música brasileira – como Almir Sater, João Paulo Amaral, Hermeto Pascoal e Dominguinhos – e de músicos e grupos locais – como Rogério Gulin, Terra Sonora e Rosa Armorial.

 

A cada canção uma história

“Saracura” foi uma das primeiras composições de Emiliano para viola. Canções como “Nas águas do Varadouro” e “Recordações de Irapuru”, foram inspiradas em viagens. Outras músicas nasceram do acaso ou como expressão de sentimentos do artista, como “Alento”, uma de suas preferidas.

“Quando compus ‘Baião da Lua’ queria fazer uma versão de Asa Branca. Ao iniciar o arranjo vi que já era outra música e a batizei com este nome em homenagem a Luiz Gonzaga”, conta o músico. Já “Roseira” foi uma homenagem de Emiliano a Campo Largo da Roseira, terra do avô materno, que visitava desde pequeno e onde despertou sua vocação.

 

Uma história de amor e dedicação à música

Emiliano Pereira é filho do colega e associado da AEA-PR, Gilberto Pereira. Emiliano é formado em música pela Faculdade de Artes do Paraná e, desde 2007, desenvolve um trabalho de pesquisa sobre toques, ritmos e sonoridades da viola caipira de 10 Cordas – desde suas tradições, até sua expressão mais contemporânea.

O músico trabalha ainda com  World Music, Música Regional Brasileira, música infantil e participou de projetos como o Fandango Paranaense e Orquestra à Base de Cordas de Curitiba. Também é professor e ministra aulas e oficinas de música. Recentemente, apresentou o show Clareando no Teatro Paiol e no Sesc Paço da Liberdade.

 

A belíssima obra de Emiliano pode ser conhecida através de seu álbum, à venda a R$20,  na sede da AEA-PR.