Compartilhamos texto dos diretores da Funcef, da chapa Controle e Resultado:

A matéria abaixo, oriunda do “Broadcast Estadão”, ilustra bem as diferenças entre as chapas na disputa da Funcef.

Para a chapa concorrente, “somos resquícios do tempo das fraudes, contexto que ficou para trás”. O fato é que se tivéssemos que resumir em uma palavra o que quase destruiu a Funcef, a palavra seria ingerências. Ingerências indevidas de dirigentes da Patrocinadora, de políticos, de empresários, do governo e de sindicatos e associações.

Foi contra esse tipo de coisa que os auditores se insurgiram em 2014.

E em nossa avaliação, ingerência é uma coisa que a chapa concorrente liderada por um advogado até pouco tempo dirigente do jurídico responsável pelo contencioso da patrocinadora, por uma ex-superintendente, aposentada, e por um gerente envolvido com movimentos políticos associativo de classe, ávido por espaços estratégicos , não tem como evitar.

Principalmente se considerarmos que ele atuava no estratégico Comitê de Investimento da Fundação desde 2012, em aliança com o grupo defenestrado pela Operação Greenfield da Polícia Federal.

Para nós, temos clara consciência do que de fato está em jogo nessas eleições: a proteção de nosso patrimônio contra as investidas de natureza político-empresarial. A alternativa de mudança incorporada no discurso da oposição não passa de um flerte com o passado.

Com qual visão você, eleitor, se identifica?

Sua escolha definirá o futuro da FUNCEF nos próximos anos: VOTE CONSCIENTE!

 

ESTADÃO BROADCAST ESPECIAL:

DISPUTA POR VAGAS NA DIREÇÃO E NOS CONSELHOS DA FUNCEF ESQUENTA

Rio, 11/04/2018 – Com um déficit de cerca de R$ 20 bilhões que está sendo coberto pelos participantes e pela patrocinadora, a eleição para a diretoria e os conselhos do fundo de pensão da Caixa Econômica Federal (Funcef), terceiro maior do País, está acirrada. No primeiro turno, o movimento sindical (Contraf/CUT) foi derrotado pela terceira vez seguida, mas seus votos estão sendo disputados pela chapa “Juntos pela Funcef”, que teria o apoio de antigos diretores da Caixa. Juntos, alcançariam 53% dos votos e venceriam os atuais diretores, um grupo oriundo da auditoria da Caixa que atuou na CPI dos Fundos de Pensão e na operação Greenfield, para apurar os desvios que levaram aos déficits bilionários nos fundos de estatal, entre os quais a participação na Sete Brasil.

Candidato da chapa “Juntos pela Funcef”, o ex-diretor jurídico substituto da Caixa e ex-presidente da associação de advogados da instituição, Alberto Cavalcante Braga, nega qualquer ligação com executivos e ex-executivos da Caixa. Segundo ele, a era das investigações passou e a entidade agora precisa de gestão. Ele defende que as ações judiciais busquem o ressarcimento da Funcef pelas empresas que causaram prejuízo para o fundo, não apenas a condenação de antigos gestores, e critica o “nível de beligerância” que existe hoje na entidade.

“Nossa chapa não tem ninguém com vinculação política. Todo mundo tem carreira de sucesso na empresa”, afirma. Para ele, a chapa formada por gestores e advogados tem mais a acrescentar nesse momento. “Os auditores são resquício do tempo de fraudes. Esse contexto ficou para trás. Agora precisamos de planejamento, gestão e ação jurídica para reverter o déficit”, afirma.

O diretor eleito Augusto Miranda, que tenta a reeleição pela chapa “Controle e Resultado”, não faz acusação direta, mas afirma que os concorrentes são contemporâneos de dirigentes da Caixa afastados recentemente por determinação do Ministério Público, depois de uma queda de braço que envolveu Ministério da Fazenda, Banco Central e até Palácio do Planalto. “Na Caixa, os diretores são o braço direito dos vice-presidentes. Todos trabalhavam juntos”, afirma.

Para Miranda, a permanência na diretoria da Funcef é essencial para dar continuidade às apurações que se iniciaram há quatro anos. O poder de decisão é limitado porque a patrocinadora tem maioria e voto de minerva na diretoria e nos conselhos deliberativo e fiscal, mas eles têm acesso a informações. Recentemente, por exemplo, o grupo ingressou com uma ação popular para cancelar a reestruturação societária da Vale. Alegam que com a operação, o fundo teve um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões, já que se tornou um minoritário comum e deixou de ter direito a prêmio de controle.

Primeiro a derrotar os sindicalistas depois de quase duas décadas de hegemonia nas três eleições que disputaram – 2014, 2016 e o primeiro turno desse ano -, o grupo dos auditores conquistou, em média, cerca de 47% dos votos. Dessa vez, diferentemente do que ocorreu nos pleitos anteriores, a disputa será em dois turnos por sugestão dos representantes da patrocinadora na direção, que estabelece as regras da eleição dos participantes.

Miranda aposta na aliança entre as duas chapas concorrentes. Já Braga nega essa aliança. “Não conversamos, mas quero o voto de todo o mundo”, afirma, reconhecendo que é difícil buscar uma aliança abertamente. “Estamos pagando R$ 10 bilhões de déficit. Isso veio da época em que o pessoal do sindicato ocupava as vagas de indicados (pela patrocinadora) e eleitos comandavam a Funcef. Não quero vincular nossa chapa, mas quero o voto”, explica.

Procurada, a Chapa do Participante, apoiada pelos sindicatos, não respondeu ao Broadcast. Fonte ligada ao grupo disse, porém, que os indicados pela patrocinadora na Funcef não eram ligados ao movimento sindical, como aconteceu em outros fundos de pensão, onde os sindicatos ocupavam as vagas de eleitos e indicados pela patrocinadora. “Na Caixa, havia outras vinculações partidárias”, afirma.

(Renata Batista – renata.batista@estadao.com)