Mais uma notícia preocupante veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo sobre as ingerências externas nos investimentos da Funcef. AEA-PR reforça  a necessidade de exoneração da atual diretoria pois, além do não atingimento das metas, ainda perdura suspeição sobre operações e investimentos realizados, conforme relata a matéria abaixo, embora a Diretoria da Funcef tenha se manifestado, a exemplo do que fez quando citada pelo Alberto Youssef, o qual esteve conversando com o Carlos Borges, quando também disse que não realizaram negócios com os envolvidos.

“Tudo deve ser investigado e esclarecido pois, várias suspeitas estão aparecendo nas investigações da CPI e nos meios de comunicação”, afirma o presidente da AEA-PR, Jesse Krieger.

Leia abaixo a matéria do O Estado de São Paulo:

As conversas obtidas no celular do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, mostram suposta atuação do atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), na intermediação de negócios entre a empreiteira e fundos de pensão.

Em um dos diálogos, o executivo e outro integrante da empresa não identificado falam na atuação do ministro e então governador da Bahia para possibilitar um negócio milionário com a Funcef (Fundação dos Economiários Federais) – fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal.

As menções ao nome do ministro e conversas diretas entre Pinheiro e Wagner foram reveladas na quinta-feira passada pelo Estado. Os diálogos indicam, por exemplo, que o então governador da Bahia teria ajudado a OAS na liberação de recursos do governo federal. Ele também teria intermediado o financiamento de campanhas municipais em Salvador em 2012, no período em que esteve no governo estadual. Os investigadores identificaram que, nas conversas, os executivos usam as iniciais JW como uma das maneiras para se referir a Wagner.

“Que ótimo, como foi na Funcef, o nosso JW me perguntou. Bjs.” O emissário da mensagem escreve de um número não identificado pelos investigadores. A resposta, cerca de três minutos depois, partiu de um número da OAS a Pinheiro: “Ótimo. Foi aprovado para contratação do avaliador, deloite. Agora, precisaremos de JW, na aprovação final. Bjo”.

As conversas são de julho de 2013. Quatro meses depois, em novembro do mesmo ano, a diretoria executiva da Funcef aprovou a compra de cotas de até R$ 500 milhões em um fundo da OAS – o FIP OAS Empreendimentos. A Funcef confirma ter feito um aporte de R$ 200 milhões, com participação de 11,76% no FIP. Na ocasião, além da análise interna, a Funcef contratou a consultoria Deloitte para fazer uma avaliação econômico-financeira da OAS, o que serviu para determinar o valor do investimento.

Um ano antes, as mensagens já mostravam conversas sobre “fundos” entre o ministro e o empreiteiro. Em novembro de 2012, Léo Pinheiro enviou mensagem direta para celular identificado como de Wagner na qual fala sobre “demanda vinda dos Fundos”, sem identificação sobre que situação específica era tratada. “Governador, Desculpe a ‘invasão’. Na semana passada houve uma demanda vinda dos Fundos, que o Bernardo Figueiredo estaria falando para algumas pessoas sobre nossa relação com os Fundos. Queria saber se nosso amigo de ontem sabia de algo. Ele nunca tinha ouvido nada. Tive com o Bernardo e o problema era o Trem Bala. Que foi esclarecido. Obrigado pela hospitalidade. Abs.”, escreveu Pinheiro a Wagner. Por mensagem, o governador respondeu: “Voce é sempre bem vindo JW”.

Bernardo Figueiredo foi diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas teve sua recondução vetada pelo Senado em 2012, mesmo com a indicação da presidente Dilma Rousseff. Após a rejeição dos senadores, Figueiredo ajudou o Planalto a montar a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que presidiu desde a criação até o fim de 2013, após uma série de rumores de divergências com o governo. Ele foi um dos entusiastas do projeto do Trem de Alta Velocidade, o trem-bala, que ligaria Campinas (SP) ao Rio de Janeiro (RJ) – projeto que nunca saiu do papel.

O grupo que trabalha com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda deverá se debruçar sobre as trocas de mensagens para identificar a que negócio cada um dos diálogos se refere e verificar se há indícios de irregularidades na atuação de Wagner.

Termos

Por meio de sua assessoria, Jaques Wagner informou que “não vai se pronunciar, pois não conhece os termos exatos do material que está sendo divulgado”. Quando as mensagens começaram a ser divulgadas, o ministro emitiu nota declarando-se tranquilo e à disposição do Ministério Público Federal e das autoridades para prestar esclarecimentos.

A assessoria de imprensa da Deloitte informou desconhecer o teor da menção à empresa e, por isso, disse não ter como se pronunciar. O ex-presidente da EPL Bernardo Figueiredo não foi localizado pela reportagem. A defesa de Léo Pinheiro, da OAS, afirmou que não iria se manifestar sobre o caso.

Por meio de assessoria de imprensa, a Funcef informou que o procedimento de estudo da oportunidade de negócio, com as devidas análises técnicas internas e externas até a finalização do processo e deliberação pela diretoria executiva, consumiu um ano e quatro meses, e foi realizado com “total rigor técnico”.

“Refutamos qualquer ilação em relação a qualquer interferência externa em toda cadeia do processo decisório da Funcef. Em relação ao suposto diálogo que faz menção à Funcef, desconhecemos o teor e a origem das citações”, diz a nota da assessoria da Fundação. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

Nota ao Jornal O Estado de S. Paulo

10 de Janeiro de 2016

FUNCEF responde matéria publicada em 10/1

A Diretoria Executiva da FUNCEF, em 20 de novembro de 2013, aprovou a participação da Fundação na oferta restrita de cotas da primeira emissão do FIP OAS Empreendimentos. A FUNCEF possui participação no FIP correspondente a 11,76%, tendo aportado o valor total de R$ 200 milhões.

Reitera-se, por oportuno, que o processo de análise da FUNCEF sobre o investimento teve início em 04 de junho de 2012 e seguiu todos os procedimentos relativos à análise de novos investimentos, tendo sido objeto de análises técnicas internas consubstanciadas em pareceres de risco, conformidade, jurídico, governança e de investimento. Não obstante às análises técnicas internas, foi contratada pela FUNCEF a empresa Deloitte Touche Tohmatsu (Deloitte) para a prestação de serviços de assessoria financeira e jurídica na avaliação econômico-financeira da empresa OAS Empreendimentos S.A, tendo sido emitidos o Relatório de Avaliação Econômico-Financeira e Relatório de Due Diligence Jurídica.

Como se pode observar, o procedimento de análise da oportunidade de negócio, com as devidas análises técnicas internas e externas até a finalização do processo de análise e deliberação pela Diretoria Executiva, consumiu um ano e quatro meses, e foi realizado com total rigor técnico, o qual norteia as tomadas de decisão de investimentos realizados pela FUNCEF.

Refutamos qualquer ilação em relação a qualquer interferência externa em toda cadeia do processo decisório da FUNCEF.

Por fim, em relação ao suposto diálogo que faz menção à FUNCEF, desconhecemos o teor e origem das citações.

Assessoria de Imprensa da FUNCEF