E a guerreira virou estrela
Duplamente guerreira! Lia Beatriz Menezes foi uma guerreira na vida e durante seus dois
últimos anos, quando enfrentou bravamente a luta contra um câncer agressivo, sempre
fazendo planos futuros.Hoje, dia 16 de abril, às 9 horas, no Hospital Moinho de Ventos, em Porto Alegre, ela partiu para o outro plano. Como avisou seu irmão, devido ao protocolo do corona vírus, a cerimônia
de cremação, às 16h30, será apenas para dez pessoas, restrita aos familiares. Pode parecer
triste, mas pode ser a forma que a Lia escolheu para ir embora, deixando no coração dos
amigos apenas as lembranças dos bons momentos.
Como se descreve no seu perfil no Facebook: “mulher negra, latino-americana, sem dinheiro
no banco, sem parentes importantes e vida do interior”, em uma homenagem ao Belchior, a
gaúcha de Bento Gonçalves, formou-se em jornalismo pela PUC-RS. Na Caixa destacou-se pela
competência, especialmente na área de Comunicação Social.
Após a sua aposentadoria, devido aos problemas que começaram a se apresentar na Funcef,
com os déficits que impactariam a vida dos participantes, Lia, como era de sua natureza
batalhadora, não ficou inerte e achou que era hora de criar uma associação independente para
garantir os direitos dos aposentados, pensionista e colegas da ativa.
Sem sede, fez as primeiras reuniões na Agea/RS, espaço gentilmente cedido pelo presidente da
entidade. Com dificuldades de estrutura, sem dinheiro e com a descrença de muitos, mesmo
assim ela não desanimou e foi em frente. Com alguns colegas que toparam o desafio, os quais
contribuíram monetariamente para a formalização da entidade, em 16 de março de 2015, foi
criada a Associação Nacional Independente dos Participantes e Assistidos da Funcef, a qual
rapidamente foi reconhecida nacionalmente.
A sede da Anipa foi a própria casa da Lia, que trabalhava até altas horas da noite, pesquisando, estudando alternativas e esclarecendo dúvidas dos associados. Lia trabalhou incansavelmente pela Anipa, durante os três anos em que foi presidente, não raro descuidando de suas próprias necessidades, em favor daassociação.
Lia deixa um grande legado para a classe economiária. A APCEF/PR e AEA/PR tiveram a ANIPA
como parceira na luta pelos direitos dos colegas junto à Funcef. Graças ao espírito peculiar das
pessoas de espírito elevado e de uma verdadeira líder, Lia generosamente compartilhou a tese
desenvolvida pela ANIPA, permitindo que a AEA-PR e APCEF-PR também impetrassem a ação
contra o equacionamento da Funcef.
“Estou muito triste, porque apesar do pouco tempo de convivência me identifiquei muito com
a Lia”, diz Jesse Krieger, que como presidente da AEA-PR participou de várias reuniões com a
Anipa, tendo a Lia como presidente, para discutir questões da Funcef. “Ela nos deixou um
grande legado”, ressalta.
A AEA-PR presta sua homenagem a essa guerreira. “Vai em paz, querida amiga”!