Em reunião com gestores da Caixa Econômica Federal, na última sexta-feira (18 de novembro), no auditório da sede da empresa, em Curitiba, os presidentes da Caixa, Gilberto Occhi, e da Funcef, Carlos Antônio Vieira Fernandes, apresentaram resultados dos últimos meses, proposta de melhorias e desafios para 2017. Na mesa diretiva, estiveram presentes também os vice-presidentes da Caixa, Marcos Jacinto (Gestão de Pessoas), que falou sobre o Saúde Caixa, e Henrique Cruz (Varejo e Atendimento).
A promoção foi da Caixa, que convidou o presidente da AEA-PR, Jesse Krirger, e outros representantes da entidade para participar e, assim, informar seus associados. Ainda esteve presente o presidente da APCEF-PR, Vilmar Smidarle, e diretores para conhecerem as novidades sobre a Caixa e a Funcef
Inicialmente, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, fez uma abordagem geral sobre os resultados obtidos pela instituição neste exercício e dos desafios, informando que o lucro líquido da Caixa, no terceiro trimestre, atingiu a cifra de R$ 998 milhões, com redução de 67% no resultado operacional em relação ao mesmo período do ano anterior. “A imprensa divulgou que a Caixa teve essa redução, mas é preciso considerar que houve ajustes tributários no ano passado de Cofins e lucro sobre Contribuição Social que impactaram o incremento de R$ 3 bilhões no resultado da Caixa, naquele período”, explicou Occhi. Em sua apresentação, ele indicou que, no acumulado do ano, o lucro da Caixa soma R$ 3,44 bilhões, com retração de 47% na comparação anual.
Sobre a carteira de crédito, o presidente da Caixa destacou sua evolução, com aumento de R$ 699,6 bilhões no terceiro trimestre, o que representa expansão de 5% em relação a 12 meses. Entre os principais responsáveis por essa alta da carteira, ele atribuiu ao crédito consignado, infraestrutura e à habitação. Outro assunto abordado foi a inadimplência, contabilizada em 3,48% no balanço, e a necessidade de reduzi-la a 2,99%. Occhi comentou também a evolução de despesas administrativas e de índices de cobertura, finalizando que o desafio é chegar a R$ 4 bilhões de resultado no final do exercício.
Durante sua explanação, o presidente da Caixa informou que deverá ser lançado novo Construcard, que terá chip e possibilitará que os clientes possam financiar, entre outros itens, o sistema de eficiência energética e de segurança em suas residências. Além disso, em relação à rentabilidade do produto pelo cartão, será agregado o percentual de 1% a ser pago pelo lojista para a Caixa, tornando o produto mais atrativo em termos de resultados.
Para 2017, Occhi enfatizou que as prioridades serão o seguro e cartão de crédito e os resultados desses produtos deverão produzir resultados melhores que qualquer IPO (Oferta Pública Inicial) que se vislumbre realizar.
Gilberto Occhi informou que deverá ocorrer IPO da Caixa Seguradora e a venda da Lotex, as quais deverão contribuir significativamente para resolver eventuais problemas da instituição. Também contou que já estão iniciando os contatos com a CNP Assurances para a sua permanência no balcão da Caixa, apesar de que o contrato atual vigorar até meados de 2021.
Uma das informações relevantes transmitidas pelo presidente é que estão quase concluídos os estudos para a nova política de cessão de empregados, enfatizando que o procedimento deverá sofrer modificações importantes, pois a atual gestão tem interesse em que colaboradores da instituição ocupem cargos em outras entidades federais, estaduais e municipais. Segundo Occhi, isso possibilitará a realização de novas parcerias em termos de negócios para a Caixa. Ele informou ainda que muitas vezes o empregado teria condições de assumir cargos externos, mas, diante da atual política de cessão desiste, pois não há nenhuma garantia quando de seu retorno à Caixa. Sinalizou que deverá haver um acompanhamento sistemático em relação às cessões. Comentou que, quando foi ministro (da Integração Nacional), enumerou as possibilidades de negócios que teve com a Caixa por meio de seu ministério.
Na sequência, o vice-presidente de Gestão de Pessoas da Caixa, Marcos Jacinto, falou sobre o Saúde Caixa, considerado no ranking da ANS como um dos melhores planos. Segundo o vice-presidente, o Paraná tem aproximadamente 20 mil de beneficiários e o desembolso anual no estado é de cerca de R$ 65 milhões. Sobre o plano de custeio, dados expressam que 70% é de responsabilidade da Caixa, 30% do participante e a cada procedimento há a participação do usuário de 20%, sendo limitado a R$ 2.400,00 ao ano.
Marcos Jacinto informou que esse modelo de custeio continuará o mesmo, mas foi constituído grupo paritário para discutir melhorias para o Saúde Caixa. O provisionamento pós-emprego instituído pela legislação é de R$ 14,6 bilhões, sendo este um fator que deve ser discutido com as entidades sindicais diante da necessidade de análise da sustentabilidade do plano.
Resultados da Funcef – Em seguida, foi a vez do presidente da Funcef, Carlos Antônio Vieira Fernandes, se pronunciar. Inicialmente, ele apresentou os resultados, cujo slogan adotado é “O Futuro Conta com a Gente”. Os resultados consolidados de 2015 foram da ordem de 2,79% para uma meta atuarial de 17%, consolidando um deficit de R$ 8.071.684,00. Este ano os resultados atingiram até então 8,14% para uma meta atuarial de 13%, registrando um deficit de R$ 3.466.502,00 até agora. Em 2017 deverá haver novo equacionamento em relação ao deficit de 2015. O passivo contencioso acumulado de 2015 é da ordem de R$ 1.998.501,00 e a Funcef responde a 12.868 ações.
Para atual gestão, Carlos Vieira descreveu o plano de ação, contemplando austeridade, transparência e equilíbrio. Ele detalhou cada um deles.
Austeridade – Entre os itens de austeridade, ele indicou: adequação da estrutura dos ativos; mitigação da exposição dos ativos a investimentos de maior risco; criação de sala de situação para mapear e monitorar os investimentos com problemas e propor estratégias de recuperação dos ativos e de investimento; revisão de contratos administrativos; criação de corregedoria; internalização do contencioso, mapeamento e monitoramento dos escritórios de advocacia terceirizados; Investimento em modernização; extinção/redução de contratos; revisão da estrutura organizacional e do quantitativo de pessoas; processo interno de apuração de responsabilidades, colaboração da Funcef com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e Previc para acompanhar ações relacionadas aos investimentos estruturados, que estão sob investigação; credenciamento da Funcef para atuar junto ao MPF como assistente de acusação para ressarcimento dos valores desviados, entre outras.
Transparência – Sobre transparência, as propostas são: mudança no modelo de comunicação; disponibilidade de acesso à Funcef por de celular e tablets; implantação de portal de transparência; criação de grupo de ressonância; comunicação permanente com a Previc e extinção do Voto de Minerva, entre outras.
Equilíbrio – A respeito do equilíbrio, foram elencadas: adequação da meta atuarial; integração com outras fundações (Petros e Previ); revisão da política de investimentos com aderência ao cenário atual; padronização dos modelos de análise de risco, conformidade e jurídico; alteração do fluxo de decisão de novos investimentos com foco em redução dos riscos;
O presidente Carlos Vieira enfatizou que a diretoria está trabalhando em harmonia e todas as decisões estão sendo tomadas em colegiado. Segundo o dirigente, a intenção é não fazer uso do voto minerva e os assuntos polêmicos serão exaustivamente discutidos. Ele também afirmou que vice-presidência de Gestão de Pessoas da Caixa, Marcos Jacinto, que é membro do Conselho Deliberativo da Funcef, tem procurado fazer um trabalho para oferecer maior participação de empregados da Caixa na Funcef.
Por sua vez, Marcos Jacinto, informou que foi ampliada a atuação de área vinculada à sua vice-presidência no sentido de fazer uma supervisão da gestão da Funcef e os representantes da patrocinadora terão assessoramento técnico e jurídico para melhor embasamento para as decisões a serem proferidas. Ainda ressaltou que a política de cessão de empregados está sendo revisada.
Questionamentos – No momento das perguntas, várias delas foram direcionadas especialmente à questão do contencioso. O presidente da Caixa disse que esse assunto deve merecer atenção e medidas já estão sendo adotadas para segregar e especificar do que se tratam os valores.
Em seu pronunciamento, o presidente da AEA-PR, Jesse Krieger, informou que assistiu com muita atenção as apresentações e ficou feliz em ver que o clima organizacional entre os gestores da Funcef e a Caixa está muito bom, sendo esta uma condição sine qua non para o sucesso de qualquer organização. Krieger salientou que a informação dada por Marcos Jacinto de dar assessoramento técnico e jurídico somente para os representantes da patrocinadora está equivocada, pois, afinal, estão fazendo gestão de ativos que pertencem aos participantes e assistidos e estão no mesmo barco. Em contrapartida, Marcos Jacinto esclareceu que as assessorias oportunizarão esclarecimentos ao colegiado e possibilitarão tomar as melhores decisões.
O presidente da Funcef informou que, na segunda-feira (21 de novembro), foram convidados representantes de entidades representativas para apresentarem os resultados de 2015, os quais não foram satisfatórios. Dessa forma, haverá equacionamento em 2017, referente a 2015, no plano saldado de percentual de 7,9%, que, agregado aos 2,78%, totalizará 10,68%. Quanto aos participantes do plano não saldado, o deficit está registrado em R$ 929 milhões, havendo necessidade de equacionar R$ 164 milhões e haverá participação progressiva entre os participantes e assistidos de percentual entre 10% a 20%, sendo que este plano foi mais afetado.
A AEA-PR acompanhará as ações que estão sendo desenvolvidas ou planejadas e continuará cobrando resultados e participação de entidades representativas de participantes e assistidos.