Menções a Ariano Suassuna, Cora Coralina e Winston Churchill, nas mensagens do presidente e dos diretores exaltam a luta e a esperança por melhores dias para a Funcef.

Plenária lotada, com a presença de cerca de mil pessoas atentas, nas quase cinco horas de reunião, marcaram a apresentação do presidente, Carlos Antonio Vieira Fernandes , e dos diretores Max Mauran Pantoja, Délvio Joaquim Lopes de Brito, Antonio Augusto de Miranda e Souza e Paulo César Cândido Werneck, no dia mais esperado do Simpósio da Fenacef, que aconteceu na última quarta-feira, 23 de novembro, em Foz do Iguaçu.

Diferentemente de apresentações passadas da Funcef, nas quais notava-se o embate entre diretores eleitos e indicados, a atual diretoria passou o sentimento de união no objetivo de reverter a situação caótica em que a Fundação se encontra, de maneira realista, mas com esperança.

Presidente da Funcef, Carlos Vieira, na sua apresentação

Presidente da Funcef, Carlos Vieira, na sua apresentação

O presidente, Carlos Vieira, disse que ao assumir procurou entender com profundidade a situação e abrir o diálogo com a Caixa para preservar, recuperar e lançar uma expectativa de esperança sobre a Funcef, baseado em três pilares: transparência, austeridade e equilíbrio.

Citando Ariano Suassuna: “não gosto dos pessimistas, porque são uns chatos; não gosto dos otimistas porque são bobos: prefiro ser um realista esperançoso”, encerrou a apresentação, colocando-se à disposição dos participantes e assistidos, dizendo que está aberto para receber as entidades representativas e todas as pessoas que o procuram na Funcef.

O diretor Augusto, abrindo a apresentação com um poema de Cora Coralina, que fala de não deixar de lutar e sempre ter esperança, disse que 05 de setembro de 2016, quando a Polícia Federal, prendeu diretores e empresários envolvidos em operações fraudulentas, dando início à Operação Greenfield, é um dia para ficar na história da Funcef. Com inspiração nas 10 medidas contra a corrupção, do Ministério Público, relatou o compromisso da diretoria e ações realizadas, desde que assumiu em 2014 :

1 – Apurar e divulgar as causas do déficit;
2- Acionar os órgãos responsáveis, para recuperação dos valores;
3- Rejeitar investimentos de maior risco;
4 – Política de investimento mais segura;
5 – Apurar o valor correto dos investimentos;
6 – Encerrar o contrato com a Par-Credinâmico (2 milhões de reais/ano para a Par-Credinâmico) ;
7 – Incrementar a transparência;
8 – Criação do FIDEP, legislação mais protetiva:
9 – Abolir Voto de Minerva na Diretoria;
10 – Redução das taxas e despesas administrativas.

O diretor Max Pantoja mostrou que há um desiquilíbrio de 12 bilhões em 2015, o qual, se não houvesse o equacionamento, seria de 14 bilhões. Ressaltou que não se pode corrigir essa situação de uma hora para outra, mas destacou que, embora com dificuldades, desde que a atual diretoria eleita assumiu, vários investimentos de risco conseguiram ser evitados. Houve uma mudança de comportamento, que brecou vários investimentos temerários. “Fizemos mais do que é perceptível, o déficit poderia ser maior”, disse o diretor. “Hoje, 90% do nosso tempo é gasto com os investimentos enrolados, que é remanescente do que foi feito lá atrás”.

O novo Diretor de Investimentos, Paulo Werneck, com 30 anos de experiência no mercado financeiro, disse que existe uma crise, sim, que estamos num momento que pode e deve ser feita uma transformação, que precisa de pessoas, cada uma atuando na sua área. “Numa visão de quem vem de fora, os eleitos, que assumiram em 2014, colaboraram para que o resultado não fosse pior, coibindo muita coisa errada que vinha sendo feita há muito tempo”, salientou.

“A missão da Funcef não é atuar em políticas públicas, e sim garantir que vocês tenham tranquilidade na aposentadoria”, ressaltou. Lembrou que a Funcef é uma empresa que pertence aos participantes e assistidos. “Eu tenho 138 mil patrões”, concluiu. Afirmou que os ativos aplicados de maneira errônea serão recuperados, centavo por centavo, nem que seja por via judicial.

É o momento de recuperar a moral dos empregados da Funcef, daqueles que não concordavam com as práticas passadas, e acima de tudo, recuperar a credibilidade na administração da Funcef. Reafirmou o compromisso com a transparência. “Nem que seja com sangue, suor e lágrimas”, citando Winston Churchill.

O diretor Délvio começou o pronunciamento lembrando da fala do presidente da AEA-PR, Jesse Krieger, no último Simpósio, de que era inconcebível se trabalhar com uma diretoria dividida. “Realmente, havia uma divisão, mas a partir de 05 de setembro de 2016, essa situação mudou, e a diretoria atual está alinhada para resolver o grave problema da Funcef”, disse Délvio referindo-se à prisão de ex-dirigentes da Funcef, na Operação Greenfield. Coube a Délvio a difícil tarefa de anunciar o novo equacionamento, que deverá ocorrer a partir de fevereiro de 2017, que será de 7,9% do benefício do Reg/Replan Saldado, o qual somado ao equacionamento que já está ocorrendo, totalizará 10,68% a menos nos proventos dos aposentados e pensionistas.

À reação indignada da plateia, Délvio respondeu dizendo que fazia coro àquela vaia. “Comungo com esta indignação. Não foi para isso que a Funcef foi criada, mas existe a esperança, de que com o espírito revivido podemos reverter essa situação. As entidades representativas precisam estar do nosso lado neste momento”, conclamou.

Diretoria da Funcef responde as muitas perguntas da plenária

Diretoria da Funcef responde as muitas perguntas da plenária

Encerradas as apresentações, foram abertos os questionamentos, que puderam ser feitos por escrito ou no microfone, sendo todas as muitas perguntas respondidas pelo presidente ou pelos diretores:

Operação Greenfield: o presidente informou que Funcef está atuando como assistente da Operação Greenfield, fornecendo todas as informações necessárias, lembrando que é a primeira instituição a colaborar com o Ministério Público.

Sobre a assistência jurídica que estava sendo dada aos ex-dirigentes envolvidos nessa operação, que ela não existe mais.

Existe um compromisso de retorno de R$ 2,6 bilhões, de bens bloqueados pela justiça de envolvidos em operações que deram prejuízo, como OAS, JBS e outras citadas nas investigações.

Contencioso: Respondendo ao presidente da AEA-PR, Jesse Krieger, que reiterou a preocupação com o contencioso, que é o maior problema a ser resolvido, visto o impacto que causa ao equacionamento, Carlos Vieira informou que existe um compromisso do Presidente da Caixa para que a Funcef não seja responsável exclusiva do passivo, dos quais 90% referem-se a ações trabalhistas, que tem quase dois bilhões já contabilizados, sendo 500 mil no equacionamento em curso. Mais 7 bilhões estão na esteira para entrar, o que é uma preocupação da diretoria da Funcef, pois são de responsabilidade exclusiva da Caixa. Segundo o presidente da Funcef, os jurídicos da Caixa e da Fundação estão conversando sobre essa questão.

O diretor Augusto informou que o Conselho Deliberativo aprovou o levantamento de documentos para comprovar o montante que é devido à Funcef , que deverá ser ressarcido pela Caixa, se não pela via administrativa, por ações de regresso, segundo afirmou.

Voto de Minerva: o presidente da Funcef assumiu publicamente o compromisso de não usar o Voto de Minerva na sua gestão. “Se não existe consenso, é porque não está claro que seja o melhor para tomar uma decisão”.

Equacionamento por parte da Caixa: a Caixa está pagando mensalmente a sua parte no equacionamento, inclusive o valor está provisionado.

Missão da Caixa: Carlos Vieira disse que a missão, objetivos e valores da Funcef serão revistos.

Despesas administrativas: contratos estão sendo revistos, gerando economia para a Funcef. Também está sendo feito um estudo sobre o corpo funcional da Fundação. A revista impressa não vai mais circular. Outras medidas estão sendo tomada para diminuir as despesas administrativas.
Sobre a cessão de funcionários da ativa da Caixa, Augusto informou que não existe incentivo de progressão funcional por parte da Caixa para possíveis candidatos, inclusive a carga horária da Funcef é de 40 horas semanais, enquanto que da Caixa é de 30 horas semanais. Sobre aposentados, disse que já existem alguns trabalhando na Funcef e pode ser estudada a questão.

Comunicação: para melhorar a transparência, questão reivindicada pelos presentes, foi anunciado o aplicativo para Android, que já pode ser baixado no Google Play. Basta procurar Funcef e baixar. Para IOS ainda está em desenvolvimento, mas será anunciado brevemente.

“Na nossa percepção, houve um avanço com a nova diretoria, que demonstra estar coesa e determinada a caminhar junta na busca da melhor solução para o grave problema da Funcef. Vários compromissos foram assumidos diante de quase mil pessoas, entre aposentados, pensionistas e familiares, presentes no XXXVIII Simpósio da Fenacef. Estamos confiantes, mas é importante que todos acompanhem as ações da diretoria, apresentem sugestões e participem ativamente, principalmente nas suas bases, junto às entidades representativas da sua região. Principalmente, como sempre defendemos, deve haver a união de todas as entidades representativas num objetivo comum, que é o de salvar a nossa Funcef e garantir a tranquilidade para o nosso futuro. Desejamos sucesso à nova gestão! Vamos colaborar e cobrar resultados”, conclui Jesse Krieger.