A associada da AEA-PR, Neide Carolina Marques, estava em viagem, quando soube do rompimento da Barragem em Brumadinho. Alguns dias depois, após ver uma reportagem na TV sobre a tragédia, estava decidida a partir para ser voluntária na região.
“Informei a um grupo de amigos que estava decidida a partir a Brumadinho e rapidamente recebi apoio e doações, que possiblitaram a compra da passagem para Belo Horizonte. Cheguei sozinha em Brumadinho no dia 5 de fevereiro, onde fiquei por dez dias como voluntária. Foi uma experiência impactante. É revoltante ver o resultando da ganância humana. Existe uma Neide antes e outra após a experiência”, conta.
Psicológa, aposentada há 20 anos pela Caixa, onde trabalhou no setor de Recursos Humanos, Neide se especializou em medicina oriental e fez diversos cursos, após a aposentadoria. Hoje, aos 65 anos, continua a atuar com psicólogia clínica e também com acupuntura, aromaterapia, terapia floral, reike, shiatsu. Ela conta que também está estudando medicina quântica.
Para Brumadinho levou sua experiência como terapeuta para oferecer conforto a corpos e mentes em choque. Atendeu bombeiros, voluntários, funcionários da Vale e moradores da região, oferecendo escuta e a terapia que fosse necessária para ajudar, como massagens, auriculoterapia e reike. Também distribuiu muitas doses do floral de Bach ‘Rescue’ – que conseguiu doações com uma amiga farmacêutica.
“Depois de passar dois dias ajudando bombeiros e voluntários que estavam na lama fazendo busca por corpos, fui sozinha para a vila no Vale da Cachoeira. Saía pela rua e perguntava quem poderia estar precisando de suporte. As pessoas me indicavam e eu ia até a casa. Vi situações que as pessoas de fora não podem imaginar, conheci pessoas incríveis e histórias que jamais vou esquecer”, conta.
A aposentada não enxerga limitação na idade e diz que após a experiência se sente ainda mais forte. Em Curitiba, é voluntária de uma instituição que atende pessoas com necessidades especiais, é ciclista, montanhista e adora viajar.
“Me sinto feliz por meu corpo ter me permitido que eu atendesse os voluntários, mesmo sem estrutura, muitas vezes ajoelhadoa no chão. Foi uma experiência dolorida mais muito valiosa. Quem faz um trabalho voluntário não só ajuda, como se ajuda muito. Hoje durmo e acordo grata pela vida e por ser uma pessoa privilegiada”, afirma.