O fim do ano chegou e com ele a tradicional maratona em busca de presentes. Este momento de grande importância para o comércio pode também ser socialmente significativo se refletirmos com mais consciência sobre as escolhas de consumo. Isso porque a crise econômica vem trazendo impactos severos especialmente aos pequenos negócios, que possuem menor capital de giro e recursos para continuar investindo em momentos de queda do consumo.  

De acordo com o Sebrae, o Paraná possui mais de 758 mil microempreendedores individuais, com 27% atuando no comércio. Curitiba possui mais de 24 mil MEIs que atuam com a venda de produtos e o artesanato está entre as atividades mais atingidas pela pandemia da Covid-19. De acordo com a 12ª Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 76% dos artesãos estão com faturamento abaixo da pré-pandemia.

Em 2020, quando os impactos da pandemia começaram a se anunciar com o fechamento das lojas, diversas instituições realizaram campanhas falando sobre a importância de se comprar prioritariamente dos pequenos negócios, demonstrando a relevância desses microempreendimentos para a macroeconomia.

De acordo com o Sebrae, as pequenas e microempresas são responsáveis por quase 55% das vagas de trabalho formais, além de movimentarem a recorrente contratação de serviços de outros microempreendedores individuais (MEIs), sendo fundamentais para manter o nível de emprego e o dinheiro circulando nas comunidades.

O impacto do consumo local

O consumo de bens produzidos localmente é de grande relevância para manter recursos circulando, já que pequenas empresas e produtores locais normalmente acessam fornecedores e outros produtos e serviços oferecidos na sua região, promovendo o desenvolvimento de todo o entorno.

Pesquisas internacionais apontam que, em média, de cada R$ 100 gastos em lojas de grandes redes internacionais, R$ 85 vão para fora. Comprando de grandes redes locais, em torno de R$ 50 se mantém na região. Já ao comprar de artesãos e pequenos negócios, o valor que continua a circular localmente passa de R$ 75.

Natal consciente

O fim do ano é um período fundamental para a recuperação de negócios ligados ao comércio. Por isso, é tão importante pensar sobre o uso do dinheiro, buscando priorizar a compra de presentes, brindes e alimentos de pequenos negócios e fornecedores, prioritariamente da sua própria região. Produtos criativos e gastronômicos locais também são mais autênticos e permitem experiências únicas.

“Ao priorizar negócios locais você contribui para distribuição de renda e para uma economia viva. O dinheiro fica na sua comunidade gerando benefícios diretos para você. Você também contribui para a redução da emissão de carbono, gerada no transporte de produtos.  Por isso é tão importante comprar de artesãos, ir a feiras, prestigiar marcas e empresas locais”, afirma Bruna Andrade, designer criadora da marca curitibana de sapatos e acessórios, Gasp Design.

Coletivos de marcas locais, feiras de bairro, cooperativas de produtos da agricultura familiar e feiras criativas são ótimas opções para  encontrar produtos regionais, produzidos de forma cuidadosa com as pessoas e o ambiente. Quanto mais a produção local e consciente for incentivada, mais produtos com esse perfil vão surgir e mais nossas cidades ganham. Uma forma de apoiar essas iniciativas é buscar sempre divulgar e compartilhar informações com amigos, já que esse perfil de negócio depende muito da divulgação boca a boca.

Um exemplo de projeto que promove pequenas marcas, em Curitiba, é a Casa 102, que possui uma loja colaborativa com produtos de quase 40 artistas e pequenas marcas locais de roupas, acessórios, decoração, produtos naturais e jogos educativos. No local, é possível encontrar opções de presentes criativos e sustentáveis para diferentes públicos e idades e contribuir para uma economia mais consciente.