O risco de privatização da Caixa Econômica Federal voltou a pairar sob o país. O sinal de alerta começou após o novo presidente da empresa, Gilberto Occhi, dizer que é a favor da abertura de capital do banco, antes mesmo de ter tomado posse do cargo, em 1º de junho.  A afirmação ocorreu em entrevista à Agência Estado, no mês de maio.

No ano passado, a presidente Dilma Roussef já havia acenado com essa possibilidade e, no governo interino de Michel Temer, a ameaça ganhou novo fôlego. No Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) 4.918/2015, de autoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que cria o Estatuto das Estatais e abre espaço para a privatização de empresas públicas, pode ser votado a qualquer momento e reforça o sinal de atenção de empregados do banco e entidades representativas que defendem a Caixa 100% pública.

Por esses e outros motivos, as mobilizações começaram em várias cidades do país. Em Curitiba, 23 agências bancárias de todos os bancos e três Centros Administrativos ficaram fechados até as 11h da última sexta-feira (10 de junho), na região central, segundo dados do Sindicato dos Bancários regional. Como principal objetivo da manifestação, estavam as pautas que estão sendo colocadas no governo de Temer, entre elas a privatização de empresas públicas, como a Caixa e o Banco do Brasil.

O que mais pensa o novo presidente da Caixa
Na entrevista à Agência Estado, Gilberto Occhi afirma que a primeira etapa da abertura de capital da Caixa abrangeria três áreas: seguro, loterias e cartões. A abertura total do capital seria o “segundo passo”. Funcionário de carreira há 36 anos e ex-ministro, Occhi alega que a abertura dessas três áreas “seria uma oportunidade grande de ganho” para a Caixa e para o Tesouro Nacional. Ao ser questionado sobre a data da abertura, respondeu que é preciso concluir estudos para avaliar a melhor janela de oportunidade. A intenção do atual governo é fazer uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) do banco até 2018.

Quando Dilma cogitou a abertura de capital da Caixa, em 2015, a negociação ficou mais restrita à área de seguros, que foi adiada devido às condições de mercado. Em entrevista à Folha de São Paulo, logo após sua posse, Gilberto Occhi mencionou a possibilidade de retomar o processo de abertura de capital da subsidiária, Caixa Seguridade. Quem controla a maioria das ações dessa subsidiária é a francesa CNP, com 51,75%, enquanto a fatia da Caixa é de 48,2%. Segundo a agência Reuters, a expectativa era que a Caixa pudesse obter cerca de R$ 10 bilhões com a venda de cerca de 25% do capital da seguradora, o que poderia ajudar o governo federal a reduzir o seu deficit orçamentário.

Na entrevista à Folha, o novo presidente da Caixa disse também que precisa melhorar os resultados financeiros do banco, mas não irá abandonar o seu papel de atendimento ao público de baixa renda e de financiadora de setor produtivo e de obras de infraestrutura.