O diretor eleito da Funcef, Augusto Miranda,  encaminhou nota de esclarecimento, a respeito da situação do investimento da Fundação na Vale S/A: 

“Colegas participantes,

Conforme já divulgado na Prestação de Contas 06/48 dos Representantes Eleitos, efetuamos um significativo ajuste no valor do investimento em VALE em 2014, da ordem de cerca de R$2 bilhões, e que entendemos que deva prosseguir em 2015, de forma a aproximar seu preço contábil do valor patrimonial da companhia, acrescido de um “prêmio”, em função da FUNCEF integrar o bloco de controle da empresa.

Consideramos que o ajuste no valor do investimento em VALE como o principal desafio que devemos enfrentar ao longo do nosso mandato, e para que se entenda melhor as razões que nos levam a defender a necessidade desse ajuste, é importante fazer uma retrospectiva da participação da FUNCEF nesse investimento e como ele se comportou no transcorrer dos anos:

Em 1997, houve a privatização da VALE, e naquele momento, os fundos de pensão PREVI, PETROS, FUNCEF e Fundação CESP integraram o consórcio vencedor, como lastro financeiro para a operação e posterior viabilidade operacional/financeira da empresa.

No desenho da época, esses 4 fundos de pensão, com ajuda, da consultoria da BNY Mellon, criaram uma estrutura de investimento na qual a VALEPAR S/A seria a holding controladora da VALE, e aquela, por sua vez, receberia recursos de investimentos dos fundos de pensão por meio de outro “veículo de investimento”, a empresa chamada LITEL.

Na ponta final desse organograma, estão os fundos de investimento que recebem recursos das 4 fundações: o BB Carteira Ativa, com os recursos da PREVI, e o Carteira Ativa II, da CAIXA, que agrupou, até 2012, os recursos de FUNCEF, PETROS e Fundação CESP nesse investimento.

Esse desenho sofreu uma alteração em 2012, quando houve um rompimento com o BNY Mellon, e foram segregados, em dois novos fundos de investimento, os recursos da PETROS e Fundação CESP aplicados em LITEL: o Carteira Ativa III, também da CAIXA, e o FIA Sinergia, do Bradesco.

Por força do acordo societário que vigora desde 1997, com prazo de 20 anos, há impedimento da alienação do ativo a estranhos ao acordo de acionistas. Assim, essa “amarra societária” vencerá em 2017, ou seja, daqui a três anos, quando os quotistas estarão liberados para vender essas ações a quem quiserem, caso tenham interesse, logicamente.

Feita essa retrospectiva, passemos agora à questão da definição do valor de VALE ON, que é o ativo de fato dentro da estrutura de investimento VALEPAR/LITEL/FIA Carteira Ativa II.

Visando impedir um grande impacto nos resultados da VALE na FUNCEF, especialmente pela queda vertiginosa da BOVESPA em 2008, por conta da crise “subprime” americana, foi tomada a decisão, pela Diretoria Executiva de então (2010), de adotar a partir daquele exercício a metodologia de Fluxo de Caixa Descontado para estimar qual o valor “justo” dos preços das ações da VALE, acrescido de um prêmio de controle de 20%, pela importância societária da proporção do investimento efetuado pela Fundação.

Assim, a partir daquele ano, a Diretoria Executiva passou a deliberar a respeito do valor de VALE ON, com base em laudo de avaliação de empresa contratada para essa finalidade, o qual reúne informações sobre o mercado de minérios global, bem como diversas análises e projeções sobre o comportamento econômico-financeiro esperado para a empresa para os próximos anos, sugerindo intervalos de valores para o preço de VALE ON, conforme as variações nos parâmetros de sensibilidade estabelecidos, especialmente a variação de preços de minério de ferro e níquel.

Na tabela 1, consta uma retrospectiva do valor e da variação anual da ação VALE3 (código de VALE ON na BOVESPA) nos últimos anos.

Nos últimos anos, a Diretoria Executiva FUNCEF deiberou os valores de VALE ON, conforme abaixo:

2010 = R$73,00 – APROVAÇÃO UN NIME

2011 = R$82,40 – APROVAÇÃO UN NIME

2012 – R$74,40 – APROVAÇÃO POR MAIORIA, COM VOTO DE QUALIDADE (DIRETORES ELEITOS VOTARAM PELO VALOR DE R$ 59,70)

2013 – R$66,00 – APROVAÇÃO POR MAIORIA, COM VOTO DE QUALIDADE (DIRETORES ELEITOS VOTARAM PELO VALOR DE R$ 62,40)

Uma vez aprovado o valor pela DE, a administradora (CAIXA) do Fundo de Investimento em Ações Carteira Ativa II altera o valor da cota, refletindo o novo preço e a incorporação de eventuais dividendos pagos pela VALE.

Na tabela 2, consta a série histórica, retroativa a 2006, desse valor de cota, comparativamente aos demais fundos de investimento de PREVI, PETROS e Fundação CESP, e no quadro abaixo, estão as variações percentuais, predominantemente superiores, entre o valor atribuído no fundo Carteira Ativa II, que tem os recursos da FUNCEF, frente aos outros três fundos de pensão com aplicação em LITEL (BB Carteira Ativa – PREVI, Carteira Ativa III – PETROS e FIA SINERGIA – FUNDAÇÃO CESP).

Assim, à exceção do ano de 2013, quando a PETROS fixou seu valor de cota acima do preço fixado pela FUNCEF, em todos os demais anos a FUNCEF vem adotando preço superior aos dos demais fundos de pensão com recursos aplicados em LITEL/VALE.

E na prática, o que isso representa?

Tomemos por base a evolução do preço contábil nos últimos anos para a aplicação no Fundo Carteira Ativa II na FUNCEF:

2008 – R$ 5,054 bilhões ( 0% / 2007)
2009 – R$ 5,737 bilhões (+13,51% / 2008)
2010 – R$ 7,944 bilhões (+ 38,47% / 2009)
2011 – R$ 9,189 bilhões (+15,67% / 2010)
2012 – R$ 8,442 bilhões (- 8,85% / 2011)
2013 – R$ 7,610 bilhões (-10,93% / 2012)

Comparando-se a variação percentual entre os valores da ação VALE3 na BOVESPA, e a velocidade da desvalorização feita pela FUNCEF, fica evidente que temos uma diferença considerável entre esses valores.

Existem algumas explicações para essa diferença: uma é decorrente da incorporação, no patrimônio líquidos desses fundos, dos dividendos pagos pela VALE/VALEPAR à LITEL, outra é de que deve ser aplicado um prêmio sobre preço em BOLSA, em função da participação no bloco de controle da companhia, e uma terceira é a de que os preços dos ativos em bolsa estão todos depreciados em função do momento macroeconômico brasileiro.

Que implicações esse fato traz?

Como há grande probabilidade de que esse ativo continue se desvalorizando em 2015, e a cada 10% a menor no valor, são cerca de R$700 milhões de rentabilidade a menos (considerando os preços de DEZ 2013) que os demais investimentos terão que compensar, essa hipótese traz um importante desafio para nós, Representantes Eleitos da FUNCEF.

Naturalmente, temos consciência do impacto nos resultados da FUNCEF ao se proceder esse ajuste adicional, que estimamos em torno de R$ 1,1 bilhão, para que se traga o valor de VALE ON ao preço de R$36,00 (que equivale ao valor patrimonial acrescido de 20%, a título de prêmio de controle) mas também é importante esclarecer que, ao diluir esse ajuste em vários anos, estaremos alongando esse impacto por vários exercícios, sacrificando a tão almejada rentabilidade e equilíbrio atuarial dos planos REG REPLAN SALDADO e NÃO SALDADO, especialmente, que é a nossa meta principal, enquanto gestores da Fundação.

Assim, informamos que continuaremos a atuar, ao longo do nosso mandato, na busca desse alinhamento da forma mais ponderada possível, equacionando a necessidade desse ajuste do preço da VALE com o propósito do retorno à condição de equilíbrio atuarial, em todos os planos da Fundação, no menor prazo possível.”

Augusto Miranda

Diretor Eleito <> 2014-2018

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