Para entender melhor como está a discussão sobre a abertura do capital da Caixa veja matéria do jornal Valor Econômico, de São Paulo, do dia 24 de fevereiro de 2015, na sua página de Finanças:

A abertura de capital da Caixa Econômica Federal continua sendo estudada, mas ainda depende de análise mais detalhada para ser anunciada ao mercado. A informação foi dada em breve entrevista concedida pela nova presidente da Caixa, Miriam Belchior, após cerimônia de posse ontem.

Segundo Miriam, esse tipo de transação tem especificidades que precisam ser consideradas antes de qualquer medida ser tomada. “Não temos como adiantar questões em relação a isso, enquanto não houver uma análise mais aprofundada”, disse. A presidente Dilma Rousseff confirmou, em dezembro, que iria trabalhar para abrir o capital do banco estatal, mas indicou que o processo seria demorado.

Estimativas iniciais apontaram que a oferta de ações poderia render de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões ao Tesouro, com a venda de 20% a 25% do capital que é integralmente detido pelo Tesouro. A venda de ações ganhou força justamente em função de um quadro fiscal mais difícil.

Em seu discurso de posse, Miriam não tratou da abertura de capital, assim como seu antecessor Jorge Hereda e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ambos presentes no evento. Na plateia, no entanto, representantes de movimentos sociais e de associados à Caixa interromperam e se manifestaram contra o que chamam de privatização, chegando a hostilizar o ministro Levy. Tanto Miriam quanto Hereda fizeram discursos emocionados e de tom politizado, exaltando os feitos das gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Miriam Belchior lembrou o papel da Caixa”aprofundando um projeto detentor do maior apoio da história política brasileira, que pertence ao povo brasileiro”. Já Hereda destacou o crescimento da Caixa dentro de um governo comprometido com o combate das desigualdades e da miséria e que precisava de um banco público. Segundo Hereda, o aumento de lucratividade do banco mostra “que é um bom negócio atender ao nosso maior acionista, que é o povo brasileiro”. Miriam reafirmou o compromisso de compatibilizar o lado social com a rentabilidade e de manter a instituição como “garantidora do direito de ter direito”, em especial para os mais necessitados. Destacou que é preciso dar curso a “uma nova geração de políticas públicas” e redução de desigualdades. “A Caixa deverá se desdobrar como parceira estratégica do governobrasileiro.” Segundo ela, no horizonte está a contratação de mais três milhões de casas no âmbito do projeto Minha Casa Minha Vida e uma “atuação destacada na contratação de uma nova carteira de investimentos, em infraestrutura urbana de transporte coletivo”. Tendo como linha mestra a questão fiscal, Levy disse, em sua fala, que embora a Caixa seja um instrumento de políticas públicas, é também um banco. Como tal, “tem caminhos muito certos para operar”. Para Levy, mantidos esses caminhos, a Caixa seguirá uma empresa sólida e de resultados. Segundo Levy, “estamos em um momento de ajuste e reorientação” para que o país continue melhorando e a Caixa vai trabalhar junto com o Ministério da Fazenda e Tesouro. Levy afirmou que “todos nós” temos de cuidar bem daCaixa Econômica Federal, assim como do Banco do Brasil. Ele lembrou que os dois Bancos foram saneados e que a incerteza fiscal teve um custo elevado para a Caixa. Segundo o ministro, depois desse período de incertezas, ações corretas foram tomadas, ações de preservação, boa gestão de risco, capitalização e análise criteriosa para a concessão de crédito. “Muitos podem não lembrar, mas a época de incerteza fiscal teve um custo tremendo para a Caixa”, afirmou. Depois de agradecer aos funcionários, Levy lembrou que aCaixa foi criada em um período de consolidação fiscal – que aconteceu há 150 anos – o que arrancou risos da plate ia. “Vamos ter sucesso nesta fase também”, afirmou.